Paulo Cardim
Reitor da Belas Artes e Diretor-Presidente da Febasp
Membro do Conselho da Presidência da ABMES
Blog da Reitoria, publicado em 17 de setembro de 2012
***Tem sido comum, nos últimos anos, a identificação da cola ou cópia, integral ou parcial, de trabalhos de conclusão de curso, dissertação de mestrado ou tese de doutorado na produção dos mais variados textos de diversos trabalhos acadêmicos, inclusive esses citados. Fato que não acontece somente na educação superior. Segundo alguns dados divulgados pela imprensa, há mais de cinco anos, a cola é comum na educação básica.
A cola é geralmente tolerada, sendo considerada uma falta menor do estudante, sem análise em profundidade do problema. A questão envolve valores éticos e morais que devem estar presentes na formação integral do ser humano, em qualquer nível educacional, desde a educação infantil.
A educação superior tem o objetivo constitucional de formar o cidadão, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Art. 205). Não pode, assim, ser conivente com essas transgressões.
O que causa estranheza é que o fenômeno ocorre, com mais frequência, na educação superior e, mais, em níveis de pós-graduação. A tolerância que cerca essa falta grosseira permite a sua disseminação, comprometendo o processo educacional.
Gestores acadêmicos e professores devem ficar atentos a essas transgressões da normalidade no processo de aprendizagem, atuando com energia para coibir esses abusos. A prevenção deve ser um antídoto usado regularmente, com ênfase no início dos períodos letivos, informando aos estudantes claramente quais as consequências dessa falta grave.
Os estudantes, numa sociedade permissiva como a nossa, onde a impunidade passa a mensagem de que a cola é um crime menor, como roubar galinhas, devem ser despertados para a gravidade dessa falta acadêmica. E mais, devem ter a consciência de que essa transgressão pode influenciar negativamente as suas ações e atitudes, em sua vida profissional e nas relações humanas.
Geralmente, combatemos a corrupção, sem atentar que a cola é uma das manifestações corruptas do ser humano, a merecer a redobrada atenção de educadores, gestores e estudantes.




